infelizmente a news de hoje não é sobre o livro homônimo de umberto eco, pois tal título está “incomprável”, não há orçamento pra isso. o bonde, no entanto, tem a ver com listas, encerramentos de fim de ano, melhores artistas do spotify, melhores livros lidos, melhores filmes e afins. mas é apenas a ideia, não tenho grandes top 5 definidos ainda.
força centrípeta
era pra ser um bedside table, mas deixei passar tempo demais (1 semana), por isso aqui está a lista de quatro livros que me arrastaram para o âmago de suas terras nos últimos dias.
📚 a débil mental. quando falei sobre olhar o mundo de uma forma crua nunca pensei que isso pudesse ocorrer na escrita e com tantas camadas de imagens.
a argentina ariana harwicz possui esse tipo de escrita. o primeiro romance, morra, amor, já havia deixado ótimas impressões e esse segundo livro (parte da trilogia da paixão) só vem comprovar o quanto ariana nos confronta com a realidade crua, com o que de mais feio e horrendo existe nas relações maternais e a ambiguidade que isso significa. é muito complicado explicar sobre o que é o livro, ariana não funciona nessa lógica linear à qual estamos (mal) acostumados.
Cresce algo branco, uma neblina que nos come, lá atrás, que nos envolve, que nos arrasa na estepe. Minha mãe se lembra rindo de quando meu corpinho ainda com o cordão roxo escorregou de suas mãos, tudo remete a isso, a faquinhas debaixo d’água, a enguias.
ariana harwicz, a débil mental
📚 precoce, também de ariana harwicz, encerra a trilogia da paixão. dessa vez, mãe e filho se veem em um cenário de cruezas e ambiguidades, quase pós-apocalíptico, ainda que essa destruição seja muito no plano das relações.
Acordo com a boca aberta feito um pato quando lhe tiram o fígado para o foie gras. Meu corpo está aqui, minha cabeça acolá, lá fora uma coisa se debate como um engulho.
ariana harwicz, precoce
📚 mônica vai jantar, do davi boaventura. já falei várias vezes da news dengoletter e finalmente consegui ler o romance desafiador que não possui UM PONTO SEQUER meu deus foi foda, viu? num fluxo só, passeamos na cabeça de mônica, uma mulher que precisa ir ao jantar de confraternização da empresa, porém descobre que o “namorado marido” foi flagrado se masturbando no transporte público e tomou uma surra por conta disso. eu li em dois dias, mas é tranquilamente aquele livro que tu lê de uma vez só: pela história, pelos detalhes e pela ausência do sinal de pontuação (saramago sorri no túmulo).
porque a vida dela hoje sumiu e ela também sumiu e por ter sumido ela não enxerga mais sentido nenhum em expectativas ou desejos ou brincadeiras e portanto esta noite a partir da entrada dele em casa vai ser sempre para ela uma incoerência de sentimentos somente suportável por ela não ceder nem ao choro nem ao melodrama
davi boaventura, mônica vai jantar
📚 uma tristeza infinita, do antônio xerxenesky, da news cartas a possíveis amigos. pensa num livro BOM. sério, daqueles livros que tu não sente o tempo passar e quer descobrir o que acontece - não porque haja um grande mistério, mas quer concluir aquele sentimento que é posto no começo da história. no goodreads, escrevi o seguinte:
QUE LIVRO BOM!
Sério. Um livro com uma história bem contada, sem truques, sem mirabolâncias, sem metáforas exaustivas/lacradoras. Uma história, um dilema e a tristeza, a ferida do holocausto, a ferida de termos como humanidade aceitado o nazismo e como se lida com isso.
Foda!
um dos melhores lidos em 2022 sem nenhuma dúvida.
Se o humor de Nicolas tinha de fato melhorado, Anna não conseguia julgar. Ele parecia melhor, mas ela se lembrou das descrições que ele fizera inúmeras vezes de pessoas que ocultavam seu estado depressivo com piadas e extroversão. Talvez ele estivesse apenas mais funcional, pensou Anna, mais adequado à sociedade.
antônio xerxenesky, uma tristeza infinita
descobertas da semana
40 days of dating é um projeto bem curioso realizado em 2013 por Jessica Walsh e Timothy Goodman.
essa informação veio na surra de referência de novembro e o que mais curti no projeto, além da ambição de monitorar como um relacionamento pode se desenvolver, foi acompanhar as anotações de Jessie e Tim no blog. como professora de inglês eu me interesso muito sobre como as pessoas escrevem, quais são suas escolhas de vocabulário no dia a dia em um contexto diferente de sites de notícias, ainda que um blog nesses termos possua lá seus rigores formais/estilísticos.
Tim falou sobre o projeto numa TED Talk, assista (infelizmente só com legendas em inglês automáticas. pure nightmare).
depois dos títulos citados é claro que eu fiquei SURTADA né, e por isso está bem difícil me concentrar em outras coisas. mas:
📚 estou relendo the reptile room, de Lemony Snicket - eu amo desventuras em série;
📚 uma investigação sobre o gosto é possível? é isso o que estou tentando descobrir em talvez você também goste, de tom wanderbilt, uma indicação lá da surra de referência também.
em clima de carnaval com essa paulada do bloco da laje, terremoto clandestino. isso aqui no bloco, meu povo, vocês não têm noção. é contagiante demais. para saber mais, veja isso.
ainda não tenho top 5
provavelmente 2022 vai ser o primeiro ano que não consigo cumprir meu desafio de leitura do goodreads. mas tudo bem. o top melhores livros vem em algum momento esse mês.
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por aqui eu continuo assim
bêjo, tchau!
Sue




